sábado, 16 de maio de 2009

Azuis

Azuis

Disse um astronauta
Que a Terra é azul.
Então, azul na Terra
Não falta.

Manhãs são azuis,
Assim como azuis
São as almas.
As pétalas das flores raras,
Assim como azuis
São os olhos de muitas caras.

Talismãs são azuis,
Assim como azuis
São os mares,
A leveza azul de um véu,
Assim como azuis
São as roupas do céu.

Azul, azul, azuis.
Balas de anis, água de piscina,
Calças jeans, luz de televisão,
Penas de gralha, canto de azulão.

Azul, por que você
É tão querido?
Menino quer bicicleta azul,
Menina quer azul
Em seu vestido.

Manhãs são azuis,
Assim como azuis
São as noites de Natal,
Assim como deve ser
Azul
A cor do bem

Que luta contra
O mal.
(Postado pela aluna Tatiane)


quinta-feira, 14 de maio de 2009

Um Apólogo

Trabalhando a fábula - interpretação

Um Apólogo

Era uma vez,uma agulha que disse a um novelo de linha:
__Por que você está com esse ar,toda cheia de si,toda enrolada,para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
__Deixe-me,senhora.
__Que a deixe?Que a deixe,por quê?Porque lhe digo que está com um ar insuportável?Repito que sim,e falarei sempre que me der na cabeça.
__Que cabeça,senhora?A senhora não é alfinete,é agulha.Agulha não tem cabeça.Que lhe importa meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu.Importa-se com a sua vida e deixe a dos outros.
__Mas você é orgulhosa.
__Decerto que sou.
__Mas por quê?
__É boa!Porque coso.Então os vestidos e enfeites de nossa ama,quem é que os cose,senão eu?
__Você?Esta agora é melhor.Você é que os cose?Você ignora que quem os cose sou eu,e muito eu?
__Você fura o pano,nada mais;eu é que coso,prendo um pedaço ao outro,dou feições aos babados...
__Sim, mas que vale isso?Eu é que furo o pano,vou adiante,puxando por você que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
__Também os batedores vão adiante do imperador.
__Você é imperador?
__Não digo isso.Mas e verdade é que você faz um papel subalterno:indo adiante;vai só mostrando o caminho,vai fazendo o trabalho obscuro e íntimo.Eu é que prendo,ligo,junto...
Estavam nisso,quando a costureira chegou á casa da baronesa-não se disse que isso se passava na casa da baronesa,que tinha a modista ao pé de si,para não andar atrás dela.Chegou a costureira,pegou o pano,pegou a linha,pegou a agulha,enfiou a linha na melhor das sedas,entre os dedos da costureira,ágeis como galgos de Diana-para dar a isso um tom poético.E dizia a agulha:
__E então,senhora linha,ainda teima no que dizia há pouco?Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;eu é que vou aqui entre os dedos dela,unidinha a eles,furando abaixo e acima...
__A linha não respondia nada,ia andando.Buraco aberto pela agulha era preenchido por ela,silenciosamente e ativa,como quem sabe o que faz,e não está para ouvir palavras loucas.A agulha,vendo que ela não lhe dava resposta,calou-se também,e foi andando.E era tudo silêncio na seleta costura.Não se ouvia mais que o plic-plic da agulha no pano.Caindo o sol,a costureira dobrou a costura para o dia seguinte;continuou ainda nesse e no outro,até que no quarto acabou a obra,e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile e a baronesa vestiu-se.A costureira que a ajudou a vesti-se,levava a agulha espetada no corpo para dar algum ponto necessário.E enquanto compunha o vestido da bela dama,e puxava,arregaçava,alisava,abotoava,acolchetava;a agulha ficava a mofar.
__Ora,agora,diga-me,quem é que vai ao baile no corpo da baronesa fazendo parte do vestido e da elegância?Quem vai dançar com ministros e diplomatas,enquanto você volta para a caixinha da costureira,antes de ir para o balaio das mucamas?Vamos,diga lá!
Parece que a agulha não disse nada;mas um alfinete
de cabeça grande e não menos experiente murmurou á pobre agulha: - Anda,aprende,tola.Cansa-te em abrir caminho que não abro para ninguém.Onde me espetam,fico...
Contei esta história a um professor de melancolia,que me disse abanando a cabeça:
__Também tenho servido de agulha a muita linha ordinária.

(Postado pela aluna Tatiane)